E o fio do pobre não pode estuda. Sou fio das mata, canto da ma
grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de
estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.
Meu verso rastêro, singelo e sem
graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na
roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Sou poeta das brenha, não faço o
papé
De argum menestré, ou errante canto
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca
estudei,
Apenas eu sei o meu nome assina.
Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu
peito.
(ASSARÉ, P. Cante la que eu canto ca.
Petrópolis: Vozes, 1980. p. 32.)
1)Os versos do poema que traduzem a discriminação sofrida pelo eu-
lírico são:
A) "Meu verso rastero, singelo e sem graça, não entra na praça, no
rico salão...".
B) "Não tenho sabença, pois nunca estudei, apenas eu sei o meu
nome assina."
C) “Só canto o buliço da vida apertada, da lida pesada, das roça e
dos eito."